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Entrevista com a artista Pelotense, Fernanda Moreira, criadora do Pelotas Fantástica

Apaixonada pelos detalhes arquitetônicos da cidade, a artista inspirou-se e criou o projeto que junta magia, fantasia e monumentos históricos de Pelotas


Em comemoração pelos 210 anos da história de Pelotas, procuramos a artista digital pelotense, Fernanda Moreira, para comentar do seu projeto intitulado "Pelotas Fantástica", trabalho em que desenha digitalmente, os monumentos da cidade, com muita magia e aventura, articulando arte, criatividade e miticismo.

Ao todo são dez obras, contudo, 2 serão expostas de maneira inédita, 7 de julho, no aniversário da cidade, às 17h, no Parque Una, paralelamente com nova coleção da @lojinhaautoral, com souvenirs e produtos afetivos baseados nas obras da exposição. 

Segue abaixo a entrevista: 

1. Como a arte iniciou na sua vida? 

Eu pratico desenho diariamente desde os 12 anos de idade e desde sempre busquei seguir no ramo visual, primeiramente pelo design. Durante a pandemia, acabei saindo do meu emprego e me formando em Comunicação Visual, oque me deu tempo para me dedicar  para a arte. Foi aí que comecei a trabalhar melhor minha estética e desenvolver projetos que, consequentemente, geravam encomendas e passei a me estabelecer melhor no ramo da arte. O primeiro projeto que me alavancou neste mundo foi ADENTRO, uma série em quadrinhos publicada em formato webcomic, da qual me inseriu na comunidade artística de vez.

2. Por que ilustrar Pelotas? O projeto Pelotas Fantástica é recente? Como foi escolher os patrimônios? 

A ideia veio do meu namorado, também artista. Em um dia comum, ele me falou: Porquê tu não desenha os prédios de Pelotas de forma fantástica? Achei simplesmente genial. Primeiro porque, como uma nascida e criada na cidade do doce, há muito afeto envolvido e sempre fui apaixonada pelos seus detalhes e arte fantástica e fundir minha visão à minha amada cidade era algo que eu precisava ver. Não bastou nem um mês e eu já estava com uma pasta de esboços embaixo do braço, mostrando minhas ideias para todos os queridos do meu entorno. A escolha dos prédios se deu puramente por meu afeto maior, oque eu olhava e me despertava maiores inspirações. Até por conta disto a repercussão me assustou tanto, foi algo extremamente despretencioso, puro e nada pragmático.

4. No dia 07 de julho, aniversário da cidade de Pelotas, seu projeto Pelotas Fantástica estará exposto no Parque Una. Como é para você ter este reconhecimento?

O reconhecimento foi algo assustador e que até agora não consigo processar direito, só estou indo! Minha vida mudou de forma rápida e drástica com o Pelotas Fantástica e admito que foi difícil lidar em alguns momentos com tantas coisas simultâneas.

Ver que um projeto feito com tanto amor é amado por outras pessoas é algo que sempre me emocionou. Arte é como uma linguagem, uma parte de mim, e ver ela sendo apreciada desta forma é como um abraço. Sem falar nos literais abraços que o Pelotas Fantástica recebeu, o tanto de apoio e de pessoas que se empenharam em realizar isso tudo, contagiadas com a magia deste projeto, é algo que me toca profundamente.

5. Seus trabalhos apresentam bastante a estética de magia e de misticismo. Está correto? Se sim, por quê?

Sim, demais! Sempre fui apaixonada por obras de teor fantástico, mágico, lúdico, tudo que não for deste mundo. Acho que muito foi por conta de eu ser uma pessoa muito imaginativa e que se apega muito à arte pra se expressar. Sempre fui escritora também, antes mesmo de desenhar, portanto, sempre tentei fundir os dois mundos. O Pelotas Fantástica é o mais puro retrato disso, existem detalhes tão minuciosos (por exemplo, quase ninguém notou que o dragão da torre do relógio está admirando vagalumes!)

Por conta disto gosto de me referir como artista conceitual/concept artist, que creio que engloba tanto as minhas ilustrações fantásticas quanto o trabalho em si que o nome se refere (que também exercito) de criação de conceitos de mundos, locais, cenários e personagens.

6. Existe alguma obra ou alguém, que tenha te inspirado?

Posso dizer que houve gatilhos importantes, principalmente no mundo da dark fantasy: obras em quadrinhos como Sandman, Berserk e Junji ito. Jogos como a saga Dark Souls, Bloodborne. E também obras de fantasia mais contemplativa como os dois Avatares (tanto a série quanto o filme), filmes do studio Ghibli, DreamWorks, Pixar, alguns animes, dentre outras.

No quesito técnico, estou me aprofundando cada vez mais nos mestres do impressionismo e da impressão de movimento, cito principalmente Monet e Joseph Turner. Ainda estou conhecendo muitos artistas por aí, principalmente pela internet, e são tantos que me inspiram que daria uma bíblia!

7.  No YouTube, você mostra o seu processo de criação. Quanto tempo em média leva para finalizar suas obras?

Atualmente meu meio principal de trabalho é o digital, e ainda há muito tabu sobre isto, principalmente no quesito "facilidade" ou "que não é obra de arte". Quem faz arte não é a ferramenta, e sim o artesão. Pelotas Fantástica foi feito 100% digitalmente e é muito importante para a comunidade artística digital brasileira em geral.

Sobre meu processo, utilizo de mesa digitalizadora, uma espécie de monitor interativo com caneta, junto do software Photoshop. Em média, cada obra do Pelotas Fantástica, que constam complexos cenários e formas, demora 15 horas para ser feita. A do Castelo Simões Lopes, a mais complexa de todas, demorou mais de 22 horas. Fora o digital, meu maior apreço é com pintura em tela, aquarela e tinta nankin.

8. Ainda sobre seu canal, você inspira as pessoas a criarem e consumirem conteúdos em quadrinhos. O que você diria para uma pessoa que quer se tornar se tornar um artista?

Digo que o meu principal conselho é fazer. Simplesmente ir lá e fazer. É muito fácil em um momento como este, em um país onde a cultura sofre tanto, nós ouvirmos desessentivos por todos os lados. Mas é oque eu costumo dizer: Grandes conquistas vem de grandes jornadas. Construir um projeto de prestígio demanda tempo, dedicação e, acima de tudo, muito amor, principalmente no início. As recompensas virão depois. Então se você tem condições de se dedicar as suas ideias, faça, é sem sombra de dúvidas uma das coisas mais recompesadoras que se pode ter na vida. Assim como disse no vídeo mencionado, o mundo PRECISA de histórias. Precisa de arte.

9.  Para finalizar, você possui um novo projeto? Quais são suas perspectivas para o futuro? 

Espero que o Pelotas Fantástica ainda cresça muito e atinja outros âmbitos como, por exemplo, a Fenadoce. Mas também guardo comigo outros projetos. Um dos maiores sonhos da minha vida é retomar ADENTRO, a história em quadrinhos que começou a minha carreira como artista e quadrinista, e finalmente lhe dar a forma final em uma grande saga de três volumes.

Foto: Fernanda Moreira

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