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Patrimônios de Pelotas: Ponte Dois Arcos

Contribuição para o Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e sua Abolição


Hoje, 23 de agosto, é marcado o Dia Internacional para Relembrar o Tráfico de Escravos e sua Abolição; assim, o nosso portal traz um patrimônio contruído pelas mãos dos escravizados de forma a destacar suas histórias para a edificação de Pelotas.

Localizada próxima ao antigo Corredor das Tropas, no prolongamento da Avenida São Francisco de Paula, à margem direita da Avenida Ferreira Viana (região do conhecido Banhado do São Gonçalo), a Ponte dos Dois Arcos foi construída em 1854 pelos escravos das charqueadas da zona do Passo dos Negros.

A estrada do Passo dos Negros e a Ponte dos Dois Arcos constituíram-se em fatores fundamentais ao apogeu alcançado na região naquele período. O gado, vindo da Tablada (local de comercialização do bovino), vinha pelo Corredor das Tropas, hoje Avenida São Francisco de Paula, e descia para a estrada do Passo dos Negros, sendo também "tocado" pelos tropeiros para as charqueadas das margens do Canal São Gonçalo e arroio Pelotas, pela Estrada da Costa, passando pela ponte dos Dois Arcos.

A ata da Câmara de Vereadores de Pelotas de 14 de janeiro de 1854, cinco dias depois de aprovada a construção da ponte diz: "A Comissão encarregada da estrada do Passo dos Negros deu a seguinte palavra: A Câmara encarregou de examinar o lugar mais adequado para a construção de uma ponte pretendida na estrada do Passo dos Negros, vem de solicitar escravos dos senhores charqueadores da margem do São Gonçalo para a obra, a fim de dar conta da estrada e dos trabalhos.” Assim, a ponte dos Dois Arcos foi construída em seis meses pelo braço escravo oriundo das charqueadas de Domingos de Almeida, Bernardino Barcelos, João Jacinto de Mendonça e outros.

Pintura por Zênia de León

Após ter tido sua legitimidade comprovada, a Ponte dos Dois Arcos foi arrolada no Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas, em 10 de outubro de 2001. O projeto de restauração foi incluído no planejamento da Secretaria de Cultura.

Atualmente, as comunidades negras, em especial, às vinculadas ao movimento negro, em rede com universidades, IPHAN e sindicatos, passam a reivindicar sua inclusão na história de Pelotas, contando outras narrativas sobre estes mesmos bens já reconhecidos, bem como, exigindo a valorização de outros bens até então invisibilizados.

Fonte: Zênia de Léon -  Viva o Charque

Foto: Daniel Oliveira 

#patrimonio #ponte #arco

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